O que é cardiodesfibrilador implantável?
O cardiodesfibrilador implantável ( CDI ) é um dispositivo cardíaco eletrônico que tem a função de tratar as bradiarritmias ( frequência cardíaca < 50 bpm ) causadas por doença do nó sinusal e por bloqueios atrioventriculares e as taquicardias ventriculares sustentadas/ fibrilação ventricular que são arritmias cardíacas que podem causar morte súbita. É constituído por uma bateria que fornece a energia para o seu funcionamento, por um circuito eletrônico que contém um programa sofisticado de funções que são modificáveis através de um programador externo e que fornece informações como o tempo de duração do CDI, a energia que está sendo consumida pelo sistema, arritmias cardíacas que ocorreram, sinais de mal funcionamento do dispositivo cardíaco, etc. Também tem um cabeçote onde são conectados os eletrodos e um envoltório de titânio hermeticamente fechado.
Como funciona o cardiodesfibrilador Implantável?
Quando o coração está muito lento o CDI atua como marcapasso, estimulando o coração e proporcionando uma frequência cardíaca adequada e quando ocorre uma taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular, que são arritmias graves e que trazem risco de morte súbita, o CDI atua como desfibrilador e trata a taquicardia através de um choque interno no coração ou com estímulos rápidos e de curta duração chamados de BURST.
As terapias do CDI (BURST ou choque) são programadas de acordo com a arritmia do paciente, trazendo segurança e protegendo-o contra o risco de morte súbita.
A figura 1 mostra o registro de uma taquicardia ventricular tratada com BURST. Na primeira tentativa não houve reversão da arritmia. Houve reversão para o ritmo normal após a segunda terapia de BURST.
A figura 2 mostra o registro de uma taquicardia ventricular tratada com choque (seta), havendo reversão para o ritmo cardíaco normal.
Quais os cuidados que deve ter o portador de cardiodesfibrilador implantável (CDI)?
De um modo geral, o paciente portador de CDI possui uma cardiopatia estrutural, isto é, alteração no tamanho das câmaras cardíacas, fibrose, diminuição da força de contratilidade, insuficiência cardíaca que limitam as atividades físicas. Há também pacientes sem cardiopatia estrutural que são portadores de cardiodesfibrilador implantável e são capazes de realizar atividades físicas com uma boa performance. Os portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (marcapasso, CDI, ressincronizador) devem evitar de pegar peso ( > 10 Kg ) com o braço do lado em que o aparelho está implantado ou fazer exercícios repetitivos com o braço (capinar, serrar, levantamento de halteres, etc) devido ao risco de causar hematoma e fratura nos eletrodos. Não deitar em colchões magnéticos, evitar locais que possuem campo eletromagnético (torres de transmissão de energia, amplificadores de som e caixas acústicas de grande porte)
Não há restrições quanto ao uso de aparelhos eletrodomésticos desde que estejam bem aterrados. O choque elétrico pode deflagrar terapia inapropriada do CDI.
Também não há contraindicação de realizar exames de imagem como Ultrassom, tomografia computadorizada, raio-x, mamografia. A nova geração de cardiodesfibriladores estão sendo fabricados com materiais compatíveis com a ressonância magnética, exame que não pode ser realizado em portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos antigos. É de extrema importância procurar um especialista em marcapassos para avaliar a compatibilidade do CDI com o exame de ressonância magnética, pois podem ocorrer danos no dispositivo cardíaco eletrônico durante o exame, colocando em risco a vida do paciente.
Como deve ser o acompanhamento do paciente portador de cardiodesfibrilador implantável (CDI)?
O portador de CDI deve ser avaliado periodicamente , de 4 em 4 meses ou de 6 em 6 meses em clínicas especializadas onde o aparelho será interrogado por um programador específico e o médico especialista analisará a carga da bateria, a integridade dos eletrodos, a energia gasta em cada estímulo cardíaco, se houve taquicardias ventriculares ou atriais no período entre as avaliações e se as terapias empregadas foram eficientes.
Fora deste período de avaliação , sempre que houver uma taquicardia ventricular/Fibrilação ventricular com ou sem terapia de choque, o paciente deve procurar o especialista para avaliar o CDI .
Outras situações em que é necessária a avaliação do especialista:
- Cirurgias com uso de bisturi elétrico
- Tratamento de cálculos renais com litotripsia
- Tratamento com radioterapia
O portador de CDI possui um cartão de identificação com dados da marca do aparelho, dos eletrodos e a data de implante que deve estar na carteira do paciente, podendo ser necessário apresentá-lo ao entrar em locais que têm detectores de metais como bancos e aeroportos.
Dr. Marcelo Marra
CRM/MG 26.298
Cardiologia / Marcapasso (Estimulista)